Diagnóstico emocional vira trunfo das empresas na disputa por talentos da Geração Z
- Dr. Cláudio Cezar Freitas
- há 17 minutos
- 6 min de leitura

Ferramentas estruturadas de gestão emocional ganham espaço em meio às novas exigências legais e mudanças no perfil dos jovens profissionais
A saúde emocional deixou de ser tema periférico e passou a ocupar o centro das estratégias de atração e retenção de talentos nas empresas brasileiras. Uma pesquisa global da Deloitte, divulgada em 2024, mostra que 76% dos profissionais da Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, priorizam o bem-estar psicológico ao escolher onde trabalhar. O mesmo levantamento indica que 46% desses jovens sofrem de ansiedade frequente, e mais da metade acredita que os empregadores ainda fazem pouco pela saúde mental.
Diante desse cenário, cresce o número de companhias que adotam soluções estruturadas de gestão emocional para tornar o ambiente de trabalho mais saudável, e ao mesmo tempo, atender às exigências legais recentes. Para alcançar esse objetivo, especialistas recomendam processos contínuos, que envolvam mapeamento psicológico e comportamental, devolutivas estratégicas para lideranças, planos de ação individualizados e mentoria voltada a equipes de RH e gestores.
Para Jéssica Palin Martins, psicóloga especializada em comportamento organizacional, com mais de 15 anos de atuação em cultura corporativa e saúde mental, e fundadora da IntegraMente, metodologia que combina testes psicológicos validados com planos de ação estratégicos para lideranças e equipes de RH, a percepção sobre o ambiente de trabalho mudou e, com ela, os critérios que atraem e retêm talentos nas empresas. “A Geração Z não está disposta a aceitar ambientes tóxicos ou culturas inconsistentes. As novas gerações querem autenticidade, escuta ativa e coerência entre discurso e prática”, afirma a especialista.
Segundo Jéssica, mapear o funcionamento emocional dos profissionais é uma das formas mais eficazes de reduzir a rotatividade voluntária e ajustar práticas de liderança. O Brasil figura entre os países com as maiores taxas de turnover no mundo, segundo dados do LinkedIn e da PwC.
Além de responder às demandas geracionais, essas iniciativas também se alinham a novas obrigações legais. Em abril de 2024, foi sancionada a Lei nº 14.831, que criou o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental. Embora a regulamentação ainda esteja em andamento, a norma já estabelece critérios para o reconhecimento de organizações que implementam ações efetivas voltadas ao bem-estar emocional dos colaboradores.
Outra diretriz legal veio com a Portaria nº 1.419, publicada pelo Ministério do Trabalho e Emprego em agosto do mesmo ano. O texto atualizou o capítulo sobre Gerenciamento de Riscos Ocupacionais da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), incluindo os fatores psicossociais entre os riscos que devem ser monitorados, ao lado de agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos.
“A transformação em curso não é apenas normativa, mas cultural. Estamos passando de um modelo centrado em metas para uma lógica baseada em relações. O emocional virou critério de gestão, e quanto antes as lideranças compreenderem isso, melhor será o desempenho coletivo”, afirma a psicóloga.
A chegada da Geração Z ao mercado de trabalho tem levado empresas a reavaliar práticas, estruturas e culturas organizacionais. Mais do que remuneração ou cargos, esses profissionais priorizam o propósito, o equilíbrio emocional e a coerência entre o que a empresa comunica e o que de fato entrega.
Empresas que desejam atrair esse perfil, segundo a especialista, devem estar atentas a sinais sutis de desconexão emocional, como queda de engajamento, evasão silenciosa (quiet quitting) e alta rotatividade nos primeiros meses. O diagnóstico emocional, afirma, é uma ferramenta essencial para antecipar esses padrões antes que se tornem problemas estruturais.
Outro ponto crucial é o papel das lideranças. A Geração Z tende a rejeitar chefias autoritárias e valoriza gestores que saibam dialogar, oferecer feedbacks construtivos e agir com transparência. Processos de mentoria e capacitação contínua, além de treinamentos em comunicação empática, são considerados investimentos estratégicos.
As mudanças não afetam apenas os jovens. A presença da Geração Z também tem provocado aprendizados entre os demais membros das equipes. “Eles desafiam o status quo, pedem explicações, cobram coerência. Isso força uma revisão de processos engessados e estimula um ambiente mais horizontal”, diz Palin.
Ambientes emocionalmente acolhedores, com abertura para conversas difíceis, respeito às individualidades e atenção à saúde mental, beneficiam profissionais de todas as idades. A criação de canais internos de escuta, políticas claras de apoio psicológico e ações de prevenção a riscos psicossociais são práticas que precisam ser estruturadas e institucionalizadas.
“Acolhimento emocional não é um gesto simbólico — é um indicador de performance”, afirma. “Empresas que não entendem isso estão fadadas a perder os melhores profissionais para concorrentes que souberam se adaptar mais rápido.”
Atrair e manter profissionais da Geração Z exige o abandono de modelos hierárquicos rígidos, a valorização do diálogo emocional e a integração de práticas estruturadas de cuidado psicológico à gestão de pessoas. O desafio é cultural — e os resultados, quando bem conduzidos, podem se refletir em produtividade, clima organizacional e reputação da marca.
Sete diretrizes para atrair e reter a Geração Z, segundo Jéssica Palin:
Estruture um ambiente com segurança psicológica
Promova uma cultura de escuta ativa e confiança, em que colaboradores possam apresentar ideias e percepções com liberdade responsável. A liberdade de expressão deve ser incentivada para gerar soluções, sem abrir espaço para atitudes que confrontem ou desrespeitem os valores da organização.
Implemente processos contínuos de gestão emocional
Use ferramentas de mapeamento psicológico e comportamental para identificar riscos, promover bem-estar e orientar decisões estratégicas. O diagnóstico deve ser conduzido com ética, confidencialidade e alinhamento institucional.
Forme lideranças empáticas e transparentes
Invista em capacitação contínua para desenvolver líderes que saibam dialogar, oferecer feedbacks construtivos e manter a coerência com os valores da empresa.
Garanta alinhamento entre discurso e prática
Evite contradições entre o que é comunicado externamente e o que os colaboradores vivenciam internamente. A coerência institucional fortalece a confiança e o engajamento.
Adapte-se à legislação vigente sobre saúde mental
Cumpra os requisitos legais previstos na Lei nº 14.831/2024 e na Portaria nº 1.419/2024, com foco na prevenção de riscos psicossociais.
Incentive o intercâmbio entre gerações
Valorize o olhar crítico e inovador da Geração Z como catalisador de mudanças positivas. O diálogo intergeracional fortalece a cultura organizacional.
Transforme o cuidado emocional em política institucional
Estruture programas permanentes de apoio emocional, canais de escuta e mentoria. O cuidado deve ser monitorado e vinculado aos indicadores estratégicos da empresa.
Sobre Jéssica Palin
Jéssica Palin Martins é advogada, psicóloga e especialista em saúde mental no ambiente corporativo, graduada em Direito pela Universidade Paulista (UNIP) e em Psicologia pelo Centro Universitário do Norte Paulista (UNORP), mestre em Direito pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e especialista em Intervenção Familiar Sistêmica pela pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, FAMERP .
Fundadora da IntegraMente, desenvolveu uma metodologia que combina testes psicológicos validados com planos de ação estratégicos para lideranças e RHs. Sua atuação tem como foco no gerenciamento de riscos ocupacionais deve abranger os riscos que decorrem dos agentes físicos, químicos, biológicos, riscos de acidentes e riscos relacionados aos fatores ergonômicos, incluindo os fatores de risco psicossociais relacionados ao trabalho.
Seu trabalho ganhou relevância especialmente após a publicação da Lei 14.831/2024, que instituiu o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental. A norma, já aprovada e aguardando regulamentação, estabelece critérios claros para a promoção da saúde emocional no trabalho.
Paralelamente, a Portaria nº 1.419 do Ministério do Trabalho e Emprego, publicada em 27 de agosto de 2024 (DOU de 28 28/08/2024 - Seção 1), que aprova a nova redação do capítulo “1.5 Gerenciamento de Riscos Ocupacionais” e altera o “Anexo I – Termos e definições” da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) que incluiu oficialmente os fatores psicossociais como riscos ocupacionais, reforçando a necessidade de estratégias corporativas de prevenção.
Sobre a Palin & Martins
Fundada em São José do Rio Preto (SP), a Palin & Martins é uma consultoria especializada em gestão tributária para o agronegócio, com atuação em todo o território nacional. A empresa é referência na recuperação de créditos de ICMS, conformidade fiscal e reestruturação estratégica, com foco em produtores rurais e exportadores.
Sob a liderança de Altair Heitor, contador e psicólogo com mais de 22 anos de experiência, e da advogada e psicóloga Jéssica Palin Martins, a consultoria já movimentou mais de R$ 70 milhões em créditos tributários para seus clientes.
Reconhecida por aliar precisão técnica, inteligência de dados e abordagem humanizada, a Palin & Martins atua diretamente na conversão de tributos em ativos financeiros legítimos. Além disso, oferece mentorias e treinamentos voltados à capacitação de empresários e profissionais do setor.
Carolina Lara
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