Copom Descarta Discussão de Corte de Juros com Comunicado Duro e Cauteloso
- Dr. Cláudio Cezar Freitas

- 20 de set.
- 4 min de leitura
Atualizado: 24 de set.

Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, diz que comunicado não trouxe menção às melhorias
Basicamente um “copy and paste” do comunicado de julho. Assim foi a definição de Rafaela Vitória, economista-chefe do Banco Inter, logo após o anúncio da manutenção da Selic em 15%, na última quarta-feira (17), pelo Copom (Comitê de Política Monetária). Segundo avalia, o tom duro e cauteloso denota a intenção do comitê de não dar espaço para discussão de corte de juros.
O comunicado do Copom indica que a manutenção da taxa Selic no topo – o maior dos últimos 19 anos – se dá pelo caráter contracionista da política monetária em um ambiente de incerteza global e pressões inflacionárias persistentes no Brasil.
À Forbes Brasil, a economista diz que o comunicado foi omisso em relação às melhorias. Um desses sinais de melhora podem ser mensurados por outra decisão de ontem, a de corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos EUA anunciada pelo Fed (Federal Reserve), o equivalente americano do Banco Central, no meio da tarde.
“Toda incerteza traz um risco de volatilidade e aversão a risco por parte do investidor, sobretudo para países emergentes. Mas, na prática, o que temos visto é que a inflação nos EUA não tem se pressionado de maneira significativa”, afirma a economista.
Rafaela Vitória comentou ainda sobre o risco tarifário, a expectativa a curto prazo e o impacto da manutenção da taxa. As respostas foram editadas para maior concisão e clareza.
O que mais a surpreendeu no comunicado do Copom?
Rafaela Vitória – A grande surpresa não foi o que eles disseram, mas o que não comentaram. Não houve menção à melhora do cenário externo, especialmente após o corte de juros do Fed e a expectativa de mais dois cortes. Isso já impacta o câmbio, que hoje está próximo dos R$ 5,30 e mais favorável do que as projeções do Banco Central, há 10 dias, de R$ 5,40. Temos um cenário mais favorável, um cenário externo que tende a contribuir para um IPCA mais baixo, principalmente em alimentos e bens industriais. E esse fato não foi considerado no comunicado do banco central.
A parte final do comunicado indica novos ajustes?
A interpretação fica aberta. Eles indicam que podem subir ou cortar, dependendo da necessidade. Mas olhando o cenário atual, que evoluiu favoravelmente, não há indicação clara de mudanças imediatas.
É justificado o tom mais duro adotado agora?
O tom mais rígido reflete preocupações com expectativas ainda desancoradas e projeções de inflação elevadas. O mercado projeta inflação bem acima do Copom, a mediana do Focus está em 4,3%, enquanto o Copom projeta 3,6% para o próximo ano. Esse descompasso, aliado ao risco fiscal, é o principal ponto de atenção para a política monetária.
E o risco tarifário mencionado?
Ele é mais deflacionário para o Brasil. O risco fiscal, sim, pressiona a inflação pelo lado da demanda, podendo manter o consumo alto e a inflação resistente.
Isso muda algo no cenário de curto prazo ou nas expectativas de corte de juros?
Não muda muito. Temos ainda a expectativa de corte em dezembro, mas o comunicado reduz o espaço para isso. Eu acredito que o corte em dezembro fosse o mais apropriado. Para o ano que vem, os cortes estão mais consolidados, tem espaço para isso. A discussão agora é sobre o momento exato de começar a reduzir a Selic, se em dezembro ou janeiro.
Então o tom do comunicado indica não haver espaço para corte?
Minha leitura é que o Copom está sendo bastante cauteloso. A ausência de menção a melhorias no cenário mostra que eles não querem abrir espaço para discussão de corte de juros. Eles estão mais cautelosos em manter o tom duro, às expectativas e projeções de inflação e ao mercado de trabalho ainda dinâmico.
Há algum risco externo que preocupa mais?
Toda incerteza traz um risco de volatilidade e aversão a risco por parte do investidor, sobretudo para países emergentes. Mas na prática, o que temos visto, é que a inflação nos EUA não tem se pressionado de maneira significativa, lembrando que o Fed cortou juros hoje, apesar das tarifas serem inflacionárias lá. E, por outro lado, as tarifas têm sido deflacionárias pelo resto do mundo. A gente vê cotação de commodities, elas têm se acomodado num patamar que não deve provocar nenhuma pressão inflacionária. O risco das tarifas é mais deflacionário do que inflacionário.
Esse patamar de juros é restritivo?
O juro real próximo de 10% é extremamente restritivo. A cautela se dá porque a gente ainda não viu o impacto dessa restrição monetária na atividade. O Banco Central já colocou isso lá atrás, dos canais entupidos. Existe um questionamento sobre a efetividade hoje da taxa Selic como instrumento para frear a economia. Mas não há dúvida de que o patamar de juros é extremamente alto até para o nosso padrão histórico. Se a gente pensar, a última vez que a gente teve um juro real assim, foi nos anos 2000, quando a gente não tinha Banco Central independente, não tinha reserva cambial, e quando a gente tinha uma TJLP que distorcia bastante o crédito. E hoje a gente tem um um cenário melhor. Então, ele é muito restritivo. O impacto dele na economia ainda não foi sentido.
O corte de juros nos EUA pode refletir na Selic nos próximos meses?
Pode, principalmente via câmbio. Se o câmbio continuar no patamar atual de R$ 5,30, isso pode ajudar a inflação e abrir discussão sobre corte em dezembro. Mas, sem surpresas positivas na inflação, o corte tende a ficar mais para janeiro. Essas surpresas positivas de curto prazo viriam, além do câmbio, por, eventualmente, uma desaceleração da atividade e do crédito. Porém, não nos parece que a atividade vai dar uma uma freada muito forte.
É lógico o comunicado mudar a projeção de câmbio de R$ 5,55 para R$ 5,40, mas manter a projeção de inflação em 3,60%?
Precisamos esperar a ata para ter mais detalhes, mas tem algo ali no modelo que fez com que um efeito anulasse o outro. É uma curiosidade, e vamos ter que esperar a próxima semana para ver esses detalhes.
Fonte: Forbes
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