Antes da liberdade, lucro previsível: empresário revela como estrutura e gestão possibilitaram delegar e crescer 35% em um ano

Dr. Cláudio Cezar Freitas
25 de jun.
4 min de leitura

Ele compartilha como abandonou a rotina operacional após estabelecer processos sólidos e alcançar estabilidade financeira

A busca por liberdade é um dos maiores impulsionadores da jornada empreendedora, mas também uma das promessas mais frustradas quando não sustentada por fundamentos de gestão. Essa é a constatação de Valdik Guerra Lima, fundador da Elev Tecnologia, que somente conseguiu se afastar da operação após estruturar sua empresa com metas claras, previsibilidade de resultados e uma base sólida de processos. “A liberdade não pode anteceder a maturidade do negócio. É preciso construir as condições para, então, conquistar autonomia”, resume.

Integrante do programa Giants, iniciativa que pertence ao empresário e especialista em gestão Marcus Marques, e é voltada ao desenvolvimento de líderes empresariais, Guerra reflete sobre um dos maiores equívocos que cometia. “Durante muito tempo alimentei a intenção de sair do operacional, de migrar para um papel mais estratégico, mas não havia clareza sobre como conduzir essa transição. A percepção da necessidade vinha antes da compreensão do caminho”, relata.

Delegar é um ato técnico, mas também mental

A participação na mentoria empresarial foi o ponto de virada. “Segui um roteiro prático e conceitual para essa mudança que foi fornecido para a nossa equipe, o que possibilitou criarmos método, organização e, sobretudo, segurança para a delegação”, afirma.

No entanto, para Guerra, delegar vai além da implantação de processos, trata-se de uma decisão de ordem mental. “É desafiador romper com o impulso de estar à frente de tudo. A dificuldade não está apenas em confiar na equipe, mas em vencer a própria resistência à descentralização”, avalia.

Ao refletir sobre o papel do fundador dentro da operação, ele ressalta que o empresário não pode ocupar simultaneamente todas as funções. É preciso formar lideranças internas, fortalecer a juventude empresarial e confiar nos profissionais que compõem a equipe. “Com base nessa transformação, passei a me dedicar às atividades nas quais reconheço meu maior valor, que é o relacionamento com clientes, presença de mercado e articulações estratégicas. Minha vocação está no desenvolvimento de parcerias e na expansão comercial, não em permanecer atrás de uma mesa conduzindo tarefas operacionais”, declara.

Resultados e estabilidade vieram após a organização

A estruturação do negócio produziu reflexos concretos. Em 2025, a Elev Tecnologia já registra crescimento significativo. “Se compararmos os números do primeiro trimestre deste ano com o mesmo período de 2024, tivemos um avanço de 30% a 35% na carteira de clientes. E não apenas em volume, mas em complexidade dos projetos, especialmente na área de automação de processos”, destaca. Para ele, o crescimento só foi possível graças à previsibilidade de resultados, condição indispensável para decisões mais ousadas.

O empresário também observa ganhos em produtividade, qualidade de vida e visão de longo prazo. “Esse processo de amadurecimento tem me permitido consolidar um projeto de legado. Hoje, compreendo que uma empresa precisa ter continuidade mesmo sem a presença constante do fundador. E para isso, a estrutura é inegociável”, afirma.

Centralização como obstáculo à escalabilidade

Dados da pesquisa da The Alternative Board mostram que 68% dos empresários ainda dedicam a maior parte do tempo às tarefas operacionais, enquanto apenas 32% conseguem atuar com foco estratégico. Esse desequilíbrio compromete o crescimento do negócio, que se torna dependente de uma única figura para funcionar. O resultado, segundo Marcus Marques, é previsível. “Empresas que mantêm o dono no centro de todas as decisões tornam-se frágeis, lentas e incapazes de escalar com consistência”, afirma.

O excesso de centralização também sufoca a equipe e bloqueia o desenvolvimento de lideranças internas. A médio prazo, a empresa passa a enfrentar gargalos de produtividade, aumento de turnover e dificuldade em sustentar o crescimento. “O empresário precisa entender que, ao continuar em todas as frentes, ele deixa de ser alavanca e passa a ser o freio da operação”, reforça Marques.

Como saber que chegou a hora de delegar

A hora de delegar chega quando o empresário percebe que está sacrificando decisões estratégicas para resolver questões do cotidiano. Entre os sinais mais comuns estão o acúmulo de tarefas sem tempo para pensar o futuro da empresa, a sobrecarga emocional, a estagnação dos resultados e a dependência excessiva de sua presença para o funcionamento da operação. “Se o negócio só anda quando o dono está presente, algo está errado”, pontua Marques. A ausência de sucessores preparados e a falta de processos claros são sintomas que exigem ação imediata.

A orientação de especialistas é que antes de delegar, é necessário formar um time confiável, padronizar os processos e conhecer profundamente os indicadores financeiros. A liberdade de gestão é, portanto, uma conquista que exige preparo. “É preciso crescer com segurança, e não se ausentar por instinto. Delegar não é se ausentar do negócio, é assumir o papel de estrategista, que garante o presente e desenha o futuro da empresa”, conclui.

Sobre Marcus Marques

Marcus Marques possui mais de 2 milhões de seguidores em suas redes sociais e tem como propósito acelerar o Brasil, ajudando as empresas a se tornarem extraordinárias. É o principal especialista em gestão para donos de pequenas e médias empresas no Brasil. No total, são mais de 250 mil empresários e gestores treinados na história do Grupo Acelerador. É fundador e líder do Giants, a maior comunidade de empresários de alto valor no Brasil. Esses números fizeram com que ele se tornasse a principal referência em gestão e aceleração de pequenas e médias empresas.

O Grupo Acelerador, além da empresa de educação, tem uma empresa de participações societárias que é sócia de dez empresas que empregam mais de 800 colaboradores.

Fonte: Carolina Lara

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